Negura Bunget

Resenha do álbum OM (2006).

Hawkwind

Resenha do álbum Space Ritual (1973).

Electric Wizard

A banda de stoner metal mais pesada que existe?

Linha do Tempo - 1967

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Diagnóstico: Overkill - The Electric Age

Breves comentários sobre o último lançamento da banda.

28 de set. de 2011

[Resenha] Red Fang - Murder the Mountains (2011)

Stoner Rock/ Stoner Metal
Estados Unidos


Fundada em 2005 em Oregon nos Estados Unidos, o Red Fang é uma das poucas bandas de hoje em dia que consegue transpirar o rock n' roll na sua forma mais primitiva. Com integrantes que mais parecem fãs barbudos de monsters truck, a banda lançou seu segundo álbum esse ano.



Murder the Mountains. Não poderia existir título mais adequado para esse disco, a imagem que vem a cabeça ao se ouvir é mesmo a de montanhas inteiras sendo dinamitadas. Riffs graves de guitarra com bases secas e agressivas unidos ao groove infernal causado pelo baixo transformam auto-falantes em pulsantes máquinas de destruição. Pra quem não conhece o estilo, eu acabei de definir o stoner rock/ metal.

O álbum abre com Malverde e com uma porrada de graves na sua cara, seguido pelo riff agudo de guitarra abrindo espaço para o gutural embriagado de Bryan Giles, que é acompanhado por uma levada de bateria forte e rápida. Aliás, a bateria faz toda a diferença nesse álbum, seja marcando o tempo violentamente no tradicional bumbo-prato/ caixa-prato, ou atacando viradas mais complexas.

A segunda faixa é o single Wires, talvez a melhor música do disco e com certeza a que tem o melhor clipe do ano. O vídeo mostra os integrantes da banda recebendo o cheque da gravadora com a quantia fornecida para a realização do clipe, quantia essa que é gasta da maneira mais improvável. Ideia genial, e ao mesmo tempo tão simples que nos faz imaginar: como ninguém pensou nisso antes?



 Por falar em clipe, vale citar o igualmente genial Prehistoric Dog do álbum anterior, que traz referências a Senhor dos Anéis e Monty Python em meio a latas de cerveja e um evento de RPG live action.


Hank is Dead continua a porradaria com o coro de Bryan Giles e Aaron Beam, agora com um vocal mais limpo e harmônico. Dirt Wizard trás de volta a rouquidão e coloca ainda mais peso sobre a montanha. Throw up segue nessa linha, com a guitarra martelando um riff sobre uma linha de baixo que justifica o nome do instrumento.

Se você conhece bandas como Kyuss, Sleep, ou até o Electric Wizard dos primeiros discos, vai identificar algum elemento dessas em algum momento desse álbum, no entanto eu diria que é em Into the Eye e The Undertow onde a influência do stoner metal clássico é mais visível, principalmente nessa última.

O álbum fecha com Human Herd, que é algo entre o stoner rock e o grunge, mostrando um lado diferente do vocal.



26 de set. de 2011

Metallica e Lou Reed - Primeiro single de Lulu



Finalmente foi liberado na íntegra o primeiro single do álbum Lulu, resultado da união de Lou Reed com o Metallica.

Muita gente deve ter torcido o nariz quando soube dessa reunião, gente que ou é fã   "true" do Lou Reed ou do Metallica. Desagrado que se mostra presente nos comentários e "dislikes" do vídeo no youtube. Uma pena, pois há algo realmente interessante aqui. A interpretação soturna de Reed unida ao peso do Metallica traz uma composição unidirecional e minimalista, algo bem diferente do thrash metal rápido e técnico de clássicos da banda de Seattle, como Ride the Lighning e Master of Puppets, daí talvez a não aprovação dos fãs do Metallica.

Eu sou fã do Metallica desde os meus 14, 15 anos de idade, e fui conhecer e me tornar fã  do Velvet Underground (pra quem não sabe, banda fundada por Lou Reed nos anos 60, e uma das bandas mais importantes da história do rock) muito tempo depois. Devido a isso, Lulu tem sido um dos lançamentos mais aguardados por mim, e The View é exatamente o que eu esperava, algo intimista e pesado que me deu ainda mais vontade de conhecer esse próximo filho rejeitado e incompreendido de duas entidades do rock. É esperar pra ouvir, e como diria James Hetfield: "Open mind for a diferent view".






24 de set. de 2011

Katy Perry - Ame ou odeie, mas reconheça.



Depois de 10 anos, o Rock in Rio volta ao Brasil com um primeiro dia inteiramente dedicado ao pop, e como era de se esperar, os rockeiros xiitas de plantão iniciaram a maratona de "xingar muito no twitter". #rockinrio #not, #popinrio, entre outras hashtags de frustração invadiram minha timeline. A princípio, muita gente reclamando de Claudia Leite, segunda atração da noite. Não vi o show dela, mas depois de arruinar uma música do Led Zeppelin com sua versão sem sal de D'yer Mak'er, também não me vejo a defendendo. Bem, ai veio o show da Katy Perry e novas reclamações por parte do pessoal "true".

Eu estou longe de ser um consumidor do "pop comercial", pelo contrário, normalmente tendo a ignorar qualquer nova estrela do pop que seja taxada de diva ou algum suposto substituto do Michael Jackson. Foi assim com Katy Perry e sua badalada "I Kissed a girl", quando essa estourou nas rádios alguns anos atrás, até que um dia me peguei assistindo um show da cantora na MTV. Me interessei pelo fato de haver uma banda de verdade no palco,e, por mais absurdo que isso me soasse na época, havia sim algo de rock n' roll ali, assim como houve algo de rock n' roll no palco mundo do Rock in Rio.

Palco durante ensaio 

A cantora subiu ao palco com Teenage Dream, palco esse que mais parecia uma loja de doces lisérgica enorme. A apresentação iniciou morna, não para o público que parecia estar em êxtase com a entrada de Katy. Logo em seguida a cantora emenda a animada porém mediana Waking up in Vegas.

Depois de uma pausa, Katy Perry aparece no palco trajando um vestido verde e amarelo, primeira de muitas homenagens ao Brasil presentes no show. Ela elogia o país e diz que gostaria de ter um namorado brasileiro, e desafia os pretendentes a tirar a camisa. Ok, se eu estivesse lá nesse momento e imaginasse o que viria a seguir, tiraria facilmente a cueca também. Katy chama um rapaz ao palco e inicia uma encenação sensual lhe dando um beijo no canto da boca, o moço sem camisa retribui com um beijo na bochecha e é teatralmente expulso do palco com uma cotovelada na barriga e um "Get the fucking out of my stage". Julio de Sorocaba alcançou os trending topics mundiais no twitter em menos de 10 minutos e a inveja da maioria dos homens brasileiros.



O show segue com uma I Kissed A Girl dedicada as meninas da plateia e com arranjos de jazz. Outra pausa, e a cantora volta ao palco vestida de mulher gato para cantar Circle the Drain. Em mais uma homenagem, Katy veste uma bandeira do Brasil cheia de brilho e lantejoula para a parte mais emocionante do show, com o público cantando em coro. Não acho que ela seja uma cantora excelente, mas consegue manter um nível vocal decente ao longo do show, no entanto ao executar Thinking of You com voz e violão demonstra total competência, na minha opinião sua melhor performance durante o espetáculo. Antes disso Katy faz uma brincadeira dedicando a música aos brasileiros e argentinos, o que junto com o que vem a seguir demonstra que ela se preocupou em conhecer um pouco mais da cultura local e realmente fazer um show personalizado, algo raro entre os artistas internacionais que visitam o país, normalmente temos de nos contentar com uma bandeira do Brasil e um "oubrigadou"  ou "boua noitche".

O que vem a seguir, e reforça o que eu disse no parágrafo anterior, é uma apresentação dos bailarinos ao som de uma batucada sambista tipicamente brasileira, algo que é recebido com barulho pelo público, este também tipicamente brasileiro e passional como é conhecido pelos músicos gringos que passam por aqui.

Katy Perry volta ao palco com Hot N' Cold, mostrando que sabe como criar um espetáculo visual. Abusando da famosa mágica de trocas de roupas consecutivas, a cantora faz referência a letra da música "You change your mind like a girl changes clothes". Cabe aqui um destaque para a ótima banda de apoio, sempre com arranjos trabalhados e com uma forte pegada de pop rock.


A pinup wannabe norte americana ainda canta Firework, sua música preferida, como ela mesma diz, e finaliza com a badalada, porém fraca na minha opinião, California Gurls

Um show divertido e competente, embora ainda ache que Katy Perry tem que melhorar muito tecnicamente. Pra quem não gosta, paciência, ainda tem Metallica, Motorhead, Slipknot, Red Hot Chilli Peppers e Guns N' Roses, atrações que na minha opinião já justificam o nome do evento, que aliás nunca foi inteiramente dedicado ao rock, como muitos insistem em afirmar por ai.

23 de set. de 2011

Ariel Pink's Haunted Grafitti - Witchhunt Suite for WWIII



Conheci o Ariel Pink ano passado com Before Today. Estranhei a princípio aquele som todo desconstruído, mas com o tempo uma certa nostalgia desconhecida foi tomando conta de mim devido ao clima retrô que as canções conseguem transmitir. Hoje o álbum se encontra no meu top 5 melhores de 2010. 

Com Before Today devidamente digerido, fui atrás de algum trabalho antiga da banda, e me deparei com The Doldrums de 2004. Bem, esse eu ainda não acabei de digerir, mas não é dele que falarei hoje, e sim do maravilhoso single Witchhunt Suite for WWIII. 



Ariel iniciou a composição dessa obra em 2001, diante dos atentados às torres gêmeas em 11 de setembro e a lançou originalmente em duas partes em 2007 em um CD-R exclusivo, mas foi esse ano, em homenagem aos 10 anos do ataque terrorista que o compositor decidiu fazer uma nova versão da música, dessa vez cono um single único.

Devo dizer, a muito tempo (embora nos dias de hoje muito tempo talvez não seja tanto tempo assim) eu não me impressionava tanto com um videoclipe, que é basicamente uma colcha de retalhos feita com trechos de vídeos, em sua maioria jornalísticos expostos de maneira "estratégicamente aleatória" . Enfim, veja por si mesmo:


Musicalmente, o single inicialmente se parece muito com Fright Night (Nevermore) do Before Today, lembrando muito alguma canção pop dos anos 80 surgida da new wave, mas logo a música vai progredindo, passando a exibir os metais característicos da banda que se mesclam há uma progressão de sintetizadores que lembram o som de algum brinquedo antigo movido a pilhas (minha guitarra de brinquedo dos anos 90 tinha um som parecido).

Daí pra frente, a música explora os ambientes mais diversos, indo de melancólicas melodias à rimas de rap mixadas nos moldes psicodélicos de Ariel Pink, um deleite pra quem é fã de música psicodélica como eu.

Letra:
Sky sky cam what's seen before you
Contrived tracking systems live
Last name laden is soaked in sodom
We tried our best now test these organs
Lonesome kittens walk in circles
Milky substance rains from eyes
Hocus pocus not precocious
We're lightly tapping heavens forehead
Bomb the building bang bin laden
Building the bombs bam bomb building
Oh little reindeer soaked in semen
Caca's burning under thunder
Slightly sopping sucking whirlwind
Yer family's tightly flapping curtain
Sky sky cam what's seen before u contrived tracking system lies
Last name laden is soaked in sodom
We tried our best now testis organ..building big bomb building the bombs building bombs
Verse 2
The human race is an invention of the west foreign every other land
The swine walk around as man and the sheep can't know that they sleep...
My evil the man before u is not a man but a dog I've extinguished the flames with hot piss so I ask
Is that all there is to a fire
Freedom!

Gonna get em, we got em, we gotta
X 10
No time for your burning bras or talk of mass deception
Pull your guns let terrorism stir up your aggression
Gonna get em we got em, we gonna..x 4, x10
Stand up for your right to talk about US domination
Crawl into the trenches and join the real worlds form of conversation
Gonna get em we got em we gotta x8
No time for your burning bras or talk of mass deception
Pull your guns let terrorism stir up your aggressions yeah....
We're gonna be wiped out!
Wind me up with evil so I can fight fire with fire

22 de set. de 2011

Zola Jesus - Ouça o novo álbum por stream


A cantora e compositora norte americana Nika Roza Danilova, mais conhecida como Zola Jesus liberou para ouvir na integra por streaming o seu novo disco no site do jornal britânico The Guardian. Este é seu terceiro álbum de estúdio, entitulado Conatus, antes disso ela havia lançado o The Spoils em 2009 e o ótimo Stridulum II. Zola também fez questão de comentar cada uma das músicas. 

Deixo aqui minha tradução livre dos comentários, pra quem quiser ler os comentários originais em inglês e ouvir o álbum, segue o link no final da postagem.

01. SwordsHouve um período na produção desse álbum em que imaginei que ele seria todo instrumental e eu estava produzindo músicas como essa obsessivamente. Foi tão emocionante explorar todas essas paisagens sonoras que parecia uma trilha sonora para todos os sonhos bizarros que eu vinha tendo.
02. AvalancheA música mais antiga dessa gravação, eu reformulei uma demo da época do Stridulum. Foi algo que veio com facilidade. A música trás a sensação de estar caminhando através de uma tempestade de neve, o vento entrando nos seus olhos e você tenta continuar caminhando para frente mas tem essa força invisível que te puxa para trás. É como tentar correr quando você está dormindo.
03. VesseiEsta canção foi escrita em menos de 30 minutos, e foi uma das últimas músicas que eu escrevi. É a mais viva para mim, como se finalmente eu fosse capaz de me comunicar nesse universo que é minha prisão
04. HikikomoriEscrito após uma completa exaustão emocional. A única coisa que me mantinha junto a essa altura era uma terrível alegria que eu sentia de estar sozinha. Essa foi uma maneira de dizer a mim mesma que não importava o quão frustrada eu estava, eu tinha essa perspectiva de felicidade, sabendo que pelo menos eu estava em minha casa, longe do resto do mundo que de outra forma eu seria obrigada a enfrentar.
05. IxodeEssa nasceu do impulso de criar uma música que poderia se expressar sem a necessidade de usar palavras... para criar uma paisagem com figuras que estão distantes, fora de foco... mas elas tem braços longos o suficiente para estender as mãos e agarrá-lo com seus pequenos dedos
06. SeekirEu sempre estive em busca de fazer a música pop perfeita, com que você possa dançar mas também se emocionar de forma visceral. A letra fala sobre a ansiedade que todos nós sentimos mas que temos muito medo de enfrentar no final das contas, como uma dor aguda no estômago quando sabemos que estamos fazendo algo errado mas fazemos de qualquer forma. E depois a plataforma de gelo chega e tenta nos acalmar, mas ela nos rompe...ou nós a rompemos?
07. In Your NaturePensei em um coro ao fazer minha caminhada diária de casa até a farmácia, a única tarefa que me trouce pra fora. Ouvindo várias demos durante a caminhada eu percebi, não importa o quanto eu tente mudar meus hábitos, ou crescer além da minha capacidade, há sempre esse senso inquebrável sobre minhas composições que eu nunca serei capaz de mudar. Não importa o que eu faça, isso nunca é o que eu quero fazer "se for da sua natureza, você nunca vai ganhar"
08. Lick the Palmer of the Burning HandshakeInicialmente essa canção era muito mais robusta com vários sintetizadores e pads, mas acabou evoluindo. Acabei despindo-a um pouco porque eu pensei que seria interessante ter uma música construída em um escala tão grandiosa, onde tudo é elevado a 11, mas sentia a necessidade de um poder imediato. Ela ainda soa grandiosa, mas agora acredito que sobre espaço para a música criar seu próprio ambiente sem se tornar sufocante.
09. ShiversEu ainda não sei o que estou dizendo no refrão. Eu amo esse ritmo, no entanto. Eu queria criar uma música com tempo rápido, que tivesse muito movimento. Nunca gostei de hi-hats (pratos da bateria que são fechados pelo pedal) até fazer essa batida.
10. SkinUma das primeiras músicas que escrevi para a gravação. No começo eu estava pronta para ir ao estúdio e fazer um grande disco pop otimista, mas rapidamente percebi que não era aquilo que estava em mim. A única coisa que saía era essa introspecção, algo que eu não controlava, mas eu evidentemente precisava trabalhar com isso. Com base nisso, eu deixei o álbum tomar sua própria forma, sem me forçar a criar qualquer coisa que eu não estava pronta para fazer. Escrever Skin foi o início dessa catarse de perceber o que eu precisava fazer para libertar-me de mim mesma
11. CollapseA música é muito na veia de Skin, é como jogar os braços pra cima, entregando-me a este registro, para as pessoas que vão ouví-lo. No final, eu não tenho controle sobre nada, não tenho nada. Tudo que eu tenho é o que o disco me permite e a loucura que me dá em troca.  "And I would be nothing without your fear, because I've got no war the day it grows thin, I've got no war the day you go away. It hurts to let you in." Bastante literal. Eu usei sintetizador e "orgão pump" nesta música para criar um híbrido de texturas orgânicas e sintéticas...flertando tanto com expressão do trance antiga quanto a moderna.

Ouça Conatus por stream