2 de out. de 2011

[HK Recomenda] Electric Wizard - Peso e psicodelia


Electric Wizard
País: Reino Unido
Estilo: Stoner Metal/ Doom Metal

É praticamente consenso que o heavy metal surgiu de fato em 1970 com o primeiro álbum do Black Sabbath. O peso e a distorção encontrados em bandas anteriores como o Blue Cheer, os primeiros discos do Led Zeppelin e até mesmo os Beatles com sua Helter Skelter se encontraram com o trítono de Tony Iommy e com a interpretação diabólica das letras igualmente assustadoras de Ozzy Osbourne. Desde então, o metal tem se tornado um dos estilos musicais com mais ramificações, desde o sincretismo com o punk que gerou o thrash metal, até a união com a música erudita e folclórica.

Acontece que em meio a esse número sem fim de bandas buscando por novas sonoridades sem perder o peso, algumas decidiram apenas beber direto da fonte, é o caso de bandas como o Pentagram e o Witchfinder General, que traziam os riffs sinistros de Iommy e a temática de ocultismo do Sabbath para um contexto ainda mais denso. Pode-se dizer que surgia ai o doom metal.

Ok, mas o que tudo isso tem a ver com a banda que dá nome a postagem? Bom, ai está uma banda que bebeu muito da fonte sabática, mas conseguiu ir muito além disso.


Em 1995 a banda lançou seu primeiro álbum, que era totalmente focado no doom metal tradicional, com os graves pulsantes do baixo e riffs de guitarra muito pesados. No entanto foi em 1997 com Come My Fanatics... que o Electric Wizard chamou realmente a atenção. A começar pelo timbre corrosivo das guitarras cheias de fuzz¹ e do baixo abusando do flanger². Já em Return Trip, primeira faixa do disco, o ouvinte é recebido por uma parede sonora de distorção sendo martelada pelos graves do baixo e rabiscada por riffs agudos e muitas vezes manipulados por wah³. Temos aqui muito mais do que o vislumbre "inocente" de um filme de terror causado pelo Black Sabbath nos anos 70. O Wizard nos transporta em uma viagem lisérgica pelo inferno, sem passagem e sem cerimônia. 





A referência das bandas de rock psicodélico dos anos 60 pode não ser tão clara por conta do peso, mas elas certamente estão presentes no som da banda. Som que é construído sobre a base do stoner metal, estilo que surgiu entre o fim dos anos 80 e início dos 90 com bandas como Kyuss e Sleep, inclusive cabe ai um comparativo, enquanto o rock psicodélico dos anos 60 buscava uma sonoridade que traduzisse os efeitos do LSD, o stoner levou esse nome por abordar constantemente a cannabis em suas composições (obviamente o uso da planta não parava por ai).



Em 2000 o Electric Wizard lançou Dopethrone, considerado por muitos o melhor trabalho da banda (no meu caso, prefiro o álbum anterior). Aqui se tornam mais visíveis os efeitos vocais que se transformariam em uma característica dali para frente. Dopethrone trás o baixo para a linha de frente, muitas vezes se sobrepondo à guitarra, como é o caso da excelente Funeralópolis, que apesar dos seus 8 minutos e 44 segundos ainda é uma das músicas mais curtas do disco que conta com 3 faixas com mais de 10 minutos, além da faixa título com quase 21 minutos de duração, apesar disso, o álbum em nenhum momento se torna monótono.






Dois anos depois é lançado Let Us Prey, que leva a banda por caminhos diferentes, com músicas mais rápidas como We, the Undead. Em 2004, após a substituição de alguns membros, o Wizard lança seu quinto álbum de estúdio denominado We Live.

Tentando recuperar uma sonoridade mais "vintage", a banda usa equipamentos dos anos 70 em 2007 para gravar o aclamado Witchcult Today, que trazia de volta a sonoridade mais arrastada de Come My Fanatics e Dopethrone, dessa vez com uma maturidade musical muito maior e demonstrando um clima mais soturno e intimista.

Finalmente em 2010 o Electric Wizard se entrega ao seu lado mais psicodélico e lança Black Masses, mas sem deixar de lado sua sonoridade característica. 

Deixo então a indicação, se você é fã de black sabbath e gosta de música psicodélica como eu, certamente irá gostar do Electric Wizard.

Discografia:

1995 - Electric Wizard
1997 - Come My Fanatics...
2000 - Dopethrone
2002 - Let Us Prey
2004 - We live!
2007 - Witchcult Today
2010 - Black Masses







¹ Fuzz - Tipo de pedal de distorção, usado muito por Jimi Hendrix
² Flanger - Pedal de modulação que causa um efeito semelhante ao som da turbina de um avião em voo 
³ Wah - pedal que atenua algumas frequências conforme manipulado. O nome é uma onomatopeia para o som característico que ele produz

1 comentários:

Sempre tive curiosidade para saber com é o trabalho da banda, mas confesso que rapidamente caia no esquecimento. Devido a sua descrição vou realmente procurar um álbum e avaliar a sonoridade da banda e as letras.

Depois passo para falar o que achei.

Hasta la vista!

Postar um comentário