Negura Bunget

Resenha do álbum OM (2006).

Hawkwind

Resenha do álbum Space Ritual (1973).

Electric Wizard

A banda de stoner metal mais pesada que existe?

Linha do Tempo - 1967

Conheça 5 álbuns clássicos lançados neste ano.

Diagnóstico: Overkill - The Electric Age

Breves comentários sobre o último lançamento da banda.

24 de nov. de 2011

Rolling Stone divulga lista com os 100 maiores guitarristas de todos os tempos.

O site da  Rolling Stone divulgou uma lista com os 100 maiores guitarristas de todos os tempos. A lista é resultado de um consenso feito com a opinião de guitarristas famosos de diversos estilos, entre eles Ritchie Blackmore (Deep Purple), Don Felder (The Eagles), Kirk Hammet (Metallica), Warren Haynes (The Allman Brothers), Robby Krieger (The Doors), Alex Lifeson (Rush), Brian May (Queen), Eddie Van Hale e Dave Mustaine (Megadeth).

Destaco aqui alguns dos escolhidos, a lista completa pode ser vista no site da Rolling Stone cujo link está no final desse post.





Lindsey Buckingham (Fleetwood Mac)

Eu realmente nunca ouvi Fleetwood Mac o suficiente, não por falta de interesse, mas a frase do guitarrista que está na lista me fez colocá-lo aqui em destaque: "A técnica clássica não é aceitável, você faz o que você puder para conseguir o que você quer".




Thurston Moore (Sonic Youth)


Um guitarrista pouco lembrado nesse tipo de lista, que normalmente preza mais guitarristas extremamente técnicos, no entanto, quando se fala em experimentalismos e timbres inovadores, não há como não citar Thurston moore.



Dimebag Darrel (Pantera)

Poucos guitarristas desenvolveram uma técnica tão agressiva como Dimebag. Transitando entre os grooves mais graves e os harmônicos mais agudos, Darrel conseguiu chegar onde nenhum guitarrista de thrash metal havia chegado antes, infelizmente seus amplificadores se desligaram bem antes do que gostaríamos. 



Eddie Hazel (Funkadelic)

Sem palavras por aqui, apenas pare por um instante e ouça, se isso não é a definição de "feeling", eu não sei mais o que poderia ser.



Robby Krieger (The Doors)

Quem pensa que o Doors foi apenas a banda de Jim Morrison não poderia estar mais enganado, se apenas um dos músicos ali houvesse deixado a banda antes do primeiro disco, a história poderia ser completamente outra, e Rob krieger é um exemplo disso, enquanto a maioria dos guitarristas da época tinham suas raízes plantadas no blues, Rob vinha de uma formação em jazz e flamenco.

"Não ter um baixista na banda me fez tocar mais notas graves para preencher o fundo, não ter um guitarrista base também me fez tocar de forma diferente. Eu sempre senti como se fosse três músicos ao mesmo tempo."



Robert Johnsom


Seu modo de tocar define o blues originário no delta do Mississipi, tudo que você precisa saber sobre rock n' roll está ali, entre slides e riffs sobre o ritmo tradicional do blues.



Jack White (The White Stripes)

Falei bastante sobre ele aqui já.



Ritchie Blackmore (Deep Purple)

Blackmore está muito além do emblemático riff de Smoke On the Water. Precursor dos guitarristas "neo clássicos", ele estipulou um padrão quando o assunto é guitarristas de heavy metal, o que infelizmente resultou em uma infinidade de guitarristas interessados mais em "fritar" as cordas do que realmente criar melodias de qualidade. No entanto muitos guitarristas excelentes citam Blackmore como inspiração também.



Jonny Greenwood (Radiohead)

Talvez a única aproximação de Jonny Greenwood com os guitarristas de blues seja o uso de um arco de violino, que era exatamente a única coisa que Jimmy Page tinha de "non-blues". Sua telecaster surrada passou ao longo do tempo de um timbre entre o grunge e o pop para um experimentalismo eletrônico executado de forma magistral.



Johnny Ramone (Ramones)

1...2...3...4... Lá, ré, mi, lá, ré, mi, lá, ré, mi...again and again and again. Ai você diz "eu poderia ter feito isso". Pois é, ele fez antes de todo mundo.



Tony Iommi (Black Sabbath)

O mago dos riffs com trítono e da afinação baixa. Iommi, com seus dedos de aço (literalmente), praticamente criou um gênero musical.



Angus Young (AC/DC)

"Ele tem o diabo nos dedos e o blues em sua alma", disse Brian Johnson no último show do AC/DC no Brasil. E de fato, o que ouvimos sair daquela famosa SG cor de menta nada mais é do que blues amplificado. Deve-se dizer que o blues nunca foi tão alegre.



David Gilmour (Pink Floyd)

Grande parte do sucesso do Pink Floyd se deve as composições de David Gilmour. Sua técnica e conhecimento musical aliados a uma sensibilidade fora do comum nos revelaram solos inesquecíveis vindos do timbre cristalino de sua stratocaster.



Jimmy Page (Led Zeppelin)

Page dispensa comentários, seus riffs e solos falam por si só, talvez seja o guitarrista que melhor soube utilizar a influência do blues.



Lista completa dos 100 guitarristas: http://www.rollingstone.com/music/lists/100-greatest-guitarists-20111123

21 de nov. de 2011

Linha do tempo [1967]

Olá, hoje iremos voltar para o ano de 1967, onde sobriedade era uma questão de ponto de vista. Pois bem, segure firme o novelo que lhe conecta a realidade porque está na hora de conhecer o ano mais produtivo do rock psicodélico, e porque não, da música como um todo.

Em um ano com acontecimentos que vão do nascimento de Kurt Cobain à execução de Chê Guevara , enquanto o homem dava os seus primeiros passos em direção à Lua e os Estados Unidos mandavam soldados para morrer no Vietnã, o movimento hippie surgia com força total, pregando a sexualidade livre e o uso de drogas como forma de se conectar com a natureza.

Por fim, muitos músicos da época começaram a aderir ao modo de vida hippie, estes viram nas drogas uma forma de expandir a sua criatividade. Bom, se o uso de drogas expandiu ou não a criatividade desse pessoal eu não sei dizer, mas que eles conseguiram traduzir os efeitos mentais do ácido para a música e que isso resultou em obras geniais é inegável.

01. Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn



Esse é provavelmente o álbum mais pesado e, porque não dizer, barulhento do Pink Floyd. Ao dar o play em Astronomy Domine esteja pronto para entrar em um vórtice sonoro que muitas vezes se confunde entre sonho e realidade. Aqui Syd Barret se mostra dono de um timbre vocal único, com entonações que muitas vezes beiram o etéreo. Mesmo sendo o primeiro álbum da banda, já é perceptível o uso de instrumentações diversas que iam muito além do simples rock n' roll, além do notável conhecimento musical dos integrantes.



02. Jefferson Airplane - Surrealistic Pillow



O Jefferson Airplaine por incrível que pareça não é uma banda tão conhecida hoje em dia, mas foi um dos principais nomes do rock psicodélico nos anos 60. Misturando elementos folk norte americanos, blues e a voz doce e poderosa da cantora Grace Slick, eles conseguiram criar um estilo único. Além de todas essas influências musicais, muito do som da banda se originou das composições regadas a LSD, como é o caso de um dos grandes hits do grupo presentes nesse álbum, White Rabbit.



03. Nico - Chelsea Girl




Heis o item mais intimista do post de hoje, porém não menos magistral. Após sua participação no primeiro álbum do Velvet Underground, a cantora Nico fixou residência em Nova York para gravar o seu primeiro álbum solo. Acompanhada por músicos como Tim Hardin, Jackson Browne e Leonard Cohen, Nico interpreta composições de seus colegas do Velvet Underground, Lou Reed, John Cale e Sterling Morrison, além de uma canção do Bob Dylan. A interpretação de nico junto a sonoridade "chamber folk" sem nenhuma percussão são de uma beleza melancólica difícil de explicar em palavras. Ótima escolha para um dia chuvoso.



04. The Velvet Undergroun & Nico - The Velvet Undergroun & Nico



E por falar em Nico...Um dos álbuns que influenciou várias gerações do rock e continua influenciando, senhoras e senhores, o "álbum da banana". O Velvet Underground foi um projeto de Andy Warhol que acabou ganhando vida própria, o impacto das composições presentes aqui é tão grande que se torna difícil imaginar como esse disco passou quase despercebido na época em que foi lançado. Falando de coisas como sadomasoquismo, homossexualidade e uso de drogas (no caso a heroína, não o popular LSD) e com experimentalismos que iam das linhas vocais de Lou Reed, atípicas para a época, até a estranha afinação de John Cale, que em algumas músicas usava sua viola com todas as cordas afinadas na mesma nota, o Velvet Underground logo foi resgatado por músicos como David Bowie, e hoje em dia o disco é tido por muitos como o mais importante da história do rock.



05. The Doors - Strange Days




Depois de conseguir um certo sucesso com seu primeiro álbum, o The Doors lança ainda no mesmo ano "Strange Days". Saíndo um pouco da veia blues, esse é o álbum mais piscodélico da banda. Da introdução alucinógena da faixa título até a apocalíptica When the Music Is Over, percebe-se uma intimidade maior com o estúdio. O álbum todo é circundado por um clima soturno, embora haja algumas canções mais animadas, como Love Me Two Times, o que de forma alguma é algo ruim, uma vez que combina perfeitamente com a  poesia psicodélica de Jim Morrison. 




É isso, boa viagem e até o próximo ponto na linha do tempo.

20 de nov. de 2011

[HK Recomenda] Cangaço - Death metal do sertão



Há um bom tempo não vejo (ouço) algo que realmente me chame atenção no metal nacional, até que essa semana estava vendo o vídeo onde Edu Falaschi se pronuncia no anuncio oficial do Wacken em São Luiz, e vi nos videos relacionados do youtube essa banda de nome Cangaço.

Me interessei pelo nome e resolvi descobrir do que se tratava, foi ai que ouvi o single "Sete Orelhas". O que ouvi a seguir me surpreendeu de várias maneiras, primeiro o estranhamento com o fato da banda cantar em português, no entanto, por incrível que pareça nesse caso a sonoridade da língua funcionou perfeitamente com os guturais. A letra parece remeter à uma violência típica do cangaço, a vingança e a crueldade retratadas em uma visceralidade poética que em muito me agradou, apesar de em muitos momentos ser difícil de compreender o que se está sendo dito na música, uma desvantagem nesse tipo de vocal, por outro lado a agressividade do "death growl" traduz a intencionalidade da letra muito bem.
Quando a covardia gangrena uma família
espadas se enterram no coração
o grito por vingança então habita
as sete orelhas num cordão
Qual foi minha surpresa ao perceber que a banda já era bem mais conhecida do que parecia. Apesar de formada em 2009, os caras já conseguiram se apresentar no Wacken em 2010, à exemplo dos mineiros do Tuatha de Dannan. Esse ano eles lançaram seu primeiro EP, intitulado "Positivo", com 5 músicas, sendo que apenas uma delas é cantada em inglês.



É perceptível uma grande influência de bandas clássicas do death metal, como o Morbid Angel e o próprio Death, por outro lado o Cangaço inova ao mesclar peso e técnica à ritmos regionais nordestinos, com passagens que remetem à obra de Luiz Gonzaga, como o solo de Positivo e o final de Al Rasif. Também é visível o virtuosismo do trio nas músicas, com composições de uma complexidade que beira o metal progressivo, algo bem distante da brutalidade unidirecional e muitas vezes monótona que se tornou característica do estilo.

Logo se vê que o Cangaço é uma das poucas bandas de metal atualmente no Brasil que se preocupa em trazer algo realmente novo para a cena, ao que parece eles tem um grande futuro pela frente, quem sabe não estamos diante de um dos futuros representantes do metal brasileiro no mundo, ao lado de nomes já consagrados como Sepultura, Angra e Krisiun.

É possível ouvir o EP na íntegra no myspace da banda: http://www.myspace.com/cangacometal

13 de nov. de 2011

Jack White - O último dos "blueseiros"


O ano é 1999, o grunge já havia saído de cena e muitos pregavam novamente a morte do rock n' roll enquanto outros pregavam o fim do mundo. Bom, todos sabemos que não aconteceu nem uma coisa nem outra, mas havia um jovem em Detroit que parecia compartilhar da mesma opinião de nosso mestre Raul Seixas: "O rock acabou mesmo em 59". Esse jovem era John Anthony Gillis, que no mesmo ano de 99 adotaria o pseudônimo de Jack White e lançaria junto com sua "irmã" Meg White o primeiro álbum do White Stripes.

O que ouvimos no debut da banda é uma sonoridade crua e suja, é como se Robert Johnson tivesse conhecido uma guitarra elétrica antes de morrer, o rock de garagem calcado no blues é levado de forma minimalista, apenas guitarra bateria e voz, no entanto, ao final do álbum você até já se esqueceu que se trata de uma dupla, a guitarra de Jack White preenche todos os espaços, sua maneira visceral de tocar e cantar transmite uma energia surpreendente, quem diria que ás vésperas do século XXI ouviríamos exatamente o mesmo tipo de música feita nas fazendas dos EUA nos anos 40 e acharíamos isso novo?

Pois é, pra quem achava que o rock estava morrendo, Jack White provou o contrário e relembrou a todos de onde vem a alma do verdadeiro rock n' roll.



O vídeo acima mostra um trecho do documentário "It Might Get Loud", onde Jack fala de quando escutou Son House pela primeira vez e de como isso mudou sua percepção sobre a música. Como ele mesmo diz no documentário um pouco depois, todo o visual lúdico que cercava o White Stripes não passava de um apelo visual pra desviar a atenção do que a banda realmente era, uma tentativa de soar de uma forma tão genuína e simples quanto a música de Son House, e, ao menos no que se refere a minha opinião, eles conseguiram.


E conseguiram muito mais, o White Stripes lançou 6 álbuns de estúdio, onde Jack White arrumou espaço para diversos experimentalismos mesmo sem perder a sua alma blueseira e a sonoridade vintage característica, a banda ainda lançou o ótimo álbum ao vivo "Under Great White Northern Lights".

Jack pode ser um homem minimalista, mas sonha alto, e talvez seja por isso que em fevereiro desse ano ele anunciou sua saída do White Stripes e o término da banda para se dedicar à outros projetos.

Falando em projetos, voltemos um pouco no tempo, em 2005 Jack White se juntou a Brendan Benson, Jack Lawrence e Patrick Keeler e formou o The Raconteurs. O primeiro álbum da banda (Broken Boy Soldiers, 2006) trazia uma sonoridade bem setentista, com muitos riffs de guitarra, intercalados com arranjos de violão e teclados que lembravam muito o rock psicodélico da época, como é o caso de Intimate Secretary. Pra quem achava que o saudosismo de Jack só funcionava no White Stripes, o Raconteurs prova o contrário já nesse           primeiro disco, com músicas pesadas e melodiosas como Steady As She Goes e Broken Boy Soldier, ou ainda nas baladas Together e na Zeppeliana Blue Veins.

Em 2008 a banda volta com o sensacional "Consoler of the Lonely", mantendo a mesma linha do álbum anterior, mas dessa vez com um entrosamento muito maior, as guitarras de Brendan e Jack parecem dançar juntas, Jack Lawrence está impecável no baixo, já Patrick mantém a sua bateria setentista firme e forte.


Em 2009 Jack White fundou a gravadora "Third Man Records", onde resgata artistas antigos ou mesmo novos artistas que buscam uma sonoridade mais antiga. Um dos últimos frutos do selo Third Man foi o ótimo álbum da rainha do rockabilly Wanda Jackson, mas esse vale uma resenha especifica.

No entanto, o grande acontecimento do lançamento da gravadora foi mesmo a estréia do novo projeto de Jack White, o super grupo Dead Weather. Jack teria perdido a voz em um show do Raconteurs em Memphis, foi então que a banda chamou Alisson Mosshart para cantar algumas das músicas. Após o show, Jack pediu se ela não gostaria de gravar uma música com ele e Lawrence. Bom, eles encontraram Dear Fertita do Queens of the Stone Age no estúdio, que acabou se juntando a banda e gravando mais de uma música com eles aquela noite.

Tudo isso resultou no álbum Horehoud, com Jack White mostrando porque a bateria foi seu primeiro instrumento e Alissa Mosshart transbordando atitude em performances incendiárias. Há tempos não via uma banda nova com tanta energia em cima do palco, é rock n' roll do começo ao fim com uma sonoridade que a todo momento flerta com o experimentalismo mas sempre mantendo sua relação estável com o saudosismo, algo que Jack White faz como ninguém. A banda ainda lançou em 2010 "Sea of Cowards", álbum que exige um pouco mais de dedicação do que o anterior para ser digerido, mas é tão bom quanto. 


Por fim, ficamos aqui a esperar que Jack White nos brinde novamente com mais um fruto de sua mente criativa e sua alma de blues man, e enquanto houver alguém vivo que ainda se lembre de onde o rock n' roll nasceu, ele dificilmente morrerá, boa semana a todos.

9 de nov. de 2011

Linha do tempo [1987]

Hoje inicio mais uma série de postagens aqui no HK, dessa vez com intuito de indicar grandes álbuns da história da música, desde os anos 50 até os dias de hoje.

Em cada postagem do linha do tempo eu falarei sobre um ano diferente, em ordem aleatória, sendo que para cada ano eu indicarei 5 álbuns os quais na minha opinião foram os mais importantes.

Lembrando que as listas refletem apenas a minha opinião, e eu obviamente não escutei todos os discos lançados, então obviamente algum álbum que você goste ficará de fora. O objetivo do Linha do tempo é mais indicar álbuns que você talvez não tenha ouvido do que apontar quais foram os melhores daquele ano. Sinta-se livre para comentar e acrescentar outros nomes a lista.

Bom, pra começar vamos ao ano de 1987, época em que o rock n' roll "farofa" e o metal ainda reinavam soberanos.


01. Anthrax - "Among the Living"




Em seu terceiro álbum, o Anthrax já demonstrava um thrash metal bem diferente daquele som sujo e rápido que iniciou o estilo no início dos anos 80. No entanto, não pense que irá ouvir canções de ninar aqui, apesar do vocal mais limpo e melódico as incríveis bases de guitarra junto ao poderoso combo de bateria e baixo garantem a porradaria do começo ao fim. Definitivamente um item imprescindível para a coleção de qualquer amante do estilo.



02. Titãs - "Jesus não tem dentes no país dos banguelas"


Pois é, pra quem não sabe o Titãs já fez rock n' roll, e do bom. Seria difícil imaginar um álbum tão bom após o clássico "Cabeça dinossauro", mas eles conseguiram. A fúria e os temas politizados do punk com elementos de ska, claramente influenciados pelo The Clash, se uniam com a irreverência new wave do início da carreira da banda. Uma das pérolas do nosso rock oitentista, que infelizmente muito rockeiro não conhece.



03. The Smiths - "Strangeways, Here We Come"


Último álbum de estúdio da curta discografia do Smiths, depois de investir bastante em uma sonoridade mais acústica e menos obscura no impecável "The Queen Is Dead", a banda se distancia ainda mais do post-punk dos dois primeiros álbuns, flertando com uma sonoridade mais etérea e inserindo alguns elementos psicodélicos a mistura. O resultado não poderia ser melhor, poucas bandas terminaram sua carreira com um trabalho tão bom. 



04. Guns N' Roses - "Appetite for Destruction"



Não sou exatamente um fã do GNR, mas não há como fazer uma lista desse tipo sem citar o primeiro trabalho dos caras. A banda é uma das grandes responsáveis por popularizar o rock n' roll, e grande parte disso se deve a hits desse álbum, como Sweet Child O' Mine, Welcome to the Jungle e Paradise City. O trabalho de um bando de garotos sujos que só queriam fazer barulho e curtir a vida não poderia ser exposto de forma mais sincera, uma pena que isso se perdeu anos depois e a guerra de egos acabou levando ao "fim" da banda.




05. Helloween - "Keeper of the Seven Keys (part I)"



A entrada de Michael Kiske em 86 deu novos rumos para a banda e resultou em um clássico do power metal. Mesclando de forma magistral peso e melodia, o Helloween conseguiu um resultado único que até hoje é referência para diversas bandas do estilo.

6 de nov. de 2011

Grandes capas, grandes histórias (parte 1)


  
Apesar de ter se tornado uma tarefa cada vez menos corriqueira devido à comodidade que a internet oferece, uma das coisas mais prazerosas que um amante da música pode fazer é visitar uma loja de discos. “Folhear” as prateleiras com uma atenção arqueológica em busca de algo que o agrade. 

Ainda há aqueles que, como eu, não buscam apenas um título, mas encaram toda aquela cidade de caixinhas transparentes como uma verdadeira exposição de arte. Todo um caleidoscópio de cores e formas que vão se revelando a cada encarte que se passa, indo dos desenhos mais belos e instigantes, as mais esdrúxulas e questionáveis figuras. Para esses não basta virar o disco e ver o tracklist, é preciso saborear cada detalhe da arte de capa antes de escolher qual levar. 

The Beatles - Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band 
Mas mesmo para aqueles que não se preocupam tanto com o aspecto visual dos álbuns, as capas exercem uma influência significativa na hora da compra, mesmo que inconscientemente. Quem nunca teve vontade de comprar um disco apenas pela capa? Porém, mais do que um apelo de marketing, os graciosos “envelopes” que envolvem o conteúdo do disco são uma expressão artística tão grande quanto à própria música, muitas vezes até se sobressaindo perante essa.

É fato que o design de capas perdeu muito de seu glamour devido a substituição dos LPs pelos CDs, e esse é um dos fatores para os antigos bolachões estarem voltando ao mercado com grande força (e mais caros do que nunca, diga-se de passagem), mas mesmo com uma área drasticamente reduzida, as capas ainda tem seu charme. Claro que hoje em dia se encontra facilmente qualquer arte em resoluções escandalosas com apenas alguns cliques, mas não há nada que substitua a sensação de segurar um encarte nas mãos e saborear todos os seus detalhes, que muitas vezes “saltam” do papel e ganham caráter físico.

ELP - Brain Salad Surgery (1973)
 São muitos os artistas que em um determinado momento de sua carreira viram na música um ambiente fértil para expor suas criações, sejam eles desenhistas, pintores ou fotógrafos. Alguns nomes já consagrados no campo do design gráfico já emprestaram seus pincéis para a música, como é o caso de H.R. Giger, responsável pelo design do filme Alien, que foi o responsável pela arte de “Brain Salad Surgery”, quinto álbum do trio progressivo Emerson Lake and Palmer.

Contudo existem aqueles que se tornaram reconhecidos principalmente por sua contribuição no campo das artes de capa, como é o caso de Storm Thorgerson, Derek Riggs e Roger Dean, os quais falarei a respeito semana que vem, na próxima postagem da série "Grandes capas, grandes histórias".

5 de nov. de 2011

[Resenha] Hawkwind - Space Ritual (1973)



No final dos anos sessenta o rock n’ roll estava no auge de sua psicodelia, bandas como Deep Purple, Blue Cheer e Pink Floyd incendiavam o palco com suas apresentações inebriantes. No entanto, ninguém levou o termo “psicodelismo” tão a sério quanto os britânicos do Hawkwind.
Os três primeiros LPs do Hawkwind deixam claro sua proposta: ser uma banda psicodélicamente espacial, e levar seus ouvintes extáticos à uma viagem sonora através dos confins do universo. Em Doremi Fasol Latido, a banda, algumas vezes com colaboração do escritor de ficção científica Michael Moorcock, cria uma elaborada mitologia sobre a história do universo. E é assim, com o uso de letras espaciais e uma sonoridade alucinógena, que o Hawkwind sobe ao palco em 1972, para se apresentar em Londres e Liverpool.
Essas apresentações acabaram resultando no álbum mais bem conceituado da banda, o Space Ritual. Lançado originalmente em 1973 e relançado em CD em 1992 pela gravadora americana One Way. Não é a toa que o disco leva esse nome, de fato, os shows do Hawkwind mais pareciam um ritual do que uma apresentação. O figurino, as luzes, filmes projetados sobre a banda, poetas recitando seus textos, tudo era feito de forma a inserir os presentes em uma espécie de realidade paralela, uma viagem mental por um universo de luzes e sons distorcidos.
A alucinação começa com Earth Calling, um zunido fraco que aos poucos vai crescendo e tomando a forma de um emaranhado de sons estranhos. A chamada foi feita, agora chegou a hora de partir, afinal nós nascemos para isto.
We were born to go
We’re never turning back
We were born to go
And leave a burning track
Born to Go pega o rastro do zunido e entra com a forte base do baixo e da guitarra, marcados pelo ritmo acelerado da bateria. A nave sobe aos céus.
Na sequência temos Down Trough the Night. Destaque para a melodia do baixo e o vocal de Lemmy Kilmister, sim, o mesmo Lemmy que fundaria anos depois o Motörhead, porém sem o vocal rouco característico e muito mais “chapado”. Aliás, se tem algo que os caras do Hawkwind faziam além de levar seus fãs a viagens espaciais imaginárias era viajar por conta própria a bordo de todo tipo de substância alucinógena, o que acabava por tornar o show da banda ainda mais “psicodélico”.



Lord of Light narra a possível criação do universo, e mostra o que a banda tem de melhor, que é conseguir unir toda uma orgia de sons espaciais e transformá-los em um som pesado e agradável.
O espaço é infinito, ele é escuro
[...]
Ele não fala, ele não acorda
Não sonha
Não sabe, ele não teme
Não ama, não odeia
[...]
Espaço é a falta de tempo e de matéria
Essa é Black Corridor, que serve como introdução para Space is Deep. O destaque aqui fica por conta da bela letra, que aborda a ambição do homem diante do universo.
Vocês devem ter percebido aqui que o álbum apresenta certa cronologia entre as músicas. E essa é mais uma das atrações do show do Hawkwind, talvez o primeiro conceitual que se tem notícia.
Pausa para meditação espacial. Eletronic No. 1 o leva ainda mais fundo nas dimensões do espaço. Orgone Accumulator chega a tempo de trazê-lo um pouco para a superfície da realidade, mas bem pouco mesmo. Percebemos aqui uma forte influência do blues, aliás, poderia até ser um blues, se não fossem os efeitos sonoros sintetizados, orgânicos e psicodélicos por trás de tudo.
Já cansou das derivações da palavra psicodélico? Calma que tem mais. Uma coisa não muito comum em bandas de rock são dançarinos. Bem, o Hawkwind tinha uma dançarina. Até ai tudo bem, mas para uma banda psicodélicamente espacial como essa não basta ter uma dançarina, ela tem que dançar totalmente nua. Sim, por um bom tempo o Hawkwind contou com a participação ilustre de uma fã que subia ao palco toda noite para dançar sem uma única peça de roupa.
A "dançarina performática" do Hawkwind.
Show da banda antes de emplacarem o hit que possibilitaria as extravagâncias da turnê de Space Ritual
Voltando ao que interessa, a próxima música é Upside Down. Aqui temos um riff de guitarra simplesmente extraordinário, que funciona tão bem quanto riffs famosos como Smoke on the Whater e Paranoid. Aproveite, essa é uma das poucas oportunidades do disco em que você pode bater cabeça ao invés de permanecer em transe.



10 Seconds of Forever, é hora de voltar às reflexões estelares, mas por pouco tempo. Logo em seguida temos a longuíssima e pesada Brainstorm. 7 by 7 trás um ritmo um pouco mais cadenciado, com passagens lentas intercaladas com trechos mais pesados.
In case of Sonic Attack on your district, follow these rules…
Sonick Attack é um manual divertido de como escapar de um ataque sônico. Para isso eu aconselharia ouvir este disco em um volume seguro…
Time We Left this World Today é o que poderia ser chamado de “música refrão”, com um baixo muito agressivo e algum instrumento de sopro espacial não idetificado por trás de tudo.
Se você chegou até esse ponto sem desintegrar-se, e com todos os componentes auriculares intactos, devo informar para que aborte a viagem imediatamente. Poeira planetária voa pelos ares, a nave psicodélica do Hawkwind implode em agressividade. É a imponência de Master of the Universe, a canção mais pesada do disco, com uma base de guitarra ensurdecedora, a bateria sendo violentamente surrada, e o sintetizador ascendendo em gritos cósmicos.



A viagem está chegando ao seu destino, “bem vindos ao futuro”, saúda a voz da despedida. Os presentes são submetidos a um último vórtice sonoro, a psicodelia chega ao fim. Mas os viajantes do espaço querem mais, e a banda finaliza com a não menos psicodélica You Shouldn’t Do That.
Tracklist
CD 1
01 – Earth Calling
02 – Born to Go
03 – Down Through the Night
04 – The Awakening
05 – Lord of Light
06 – Black Corridor
07 – Space Is Deep
08 – Electronic No. 1
09 – Orgone Accumulator
10 – Upside Down
11 – 10 Seconds of Forever
12 – Brainstorm
CD 2
01 – 7 by 7
02 – Sonic Attack
03 – Time We Left This World Today
04 – Master of the Universe
05 – Welcome to the Future
06 – You Shouldn’t Do That